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Em atenção a matéria veiculada no jornal O Globo no último domingo, 08.09, intitulada “Pelas evidências, a cárie nunca vai ser eliminada”, com conteúdo impreciso, sem respaldo científico e de caráter desinformativo, o Conselho Federal de Odontologia, em seu compromisso com a promoção da saúde bucal no Brasil, vem a público para promover informações baseadas em evidência científica. Após contato do Conselho, a redação do jornal iniciou a produção e comprometeu-se a publicar conteúdo validado sobre o flúor.

Segurança e origem do flúor
O flúor é um mineral natural encontrado em rochas, água e solo, amplamente utilizado na odontologia por sua comprovada eficácia na prevenção da cárie. Seu uso tem respaldo de todas as entidades científicas nacionais, do Ministério da Saúde e da Organização Mundial da Saúde (OMS), que recomendam a aplicação controlada para fortalecer o esmalte dental e reduzir a incidência de cárie. Ao contrário dos boatos, o flúor não tem origem no petróleo, sendo extraído de minerais naturais como a fluorita.

Cárie: uma disbiose bacteriana
A cárie é uma doença biofilme-açúcar dependente. A relação entre o consumo de açúcares e a cárie é direta. As alterações hormonais e a xerostomia (boca seca) podem contribuir para a maior suscetibilidade à cárie, mas não são os fatores principais.
A cárie é uma disbiose (desequilíbrio da microbiota oral causado pela presença de açúcar) do biofilme bucal que, sem controle do consumo de açúcares e sem higiene bucal adequada, leva à desmineralização dos dentes.

Raspagem da língua: eficácia independente do material
A remoção do biofilme lingual é uma medida adicional para controlar halitose e melhorar a saúde bucal. Raspadores de língua feitos de plástico, aço inoxidável, e outros diversos materiais, e também escovas especiais são igualmente eficazes, não havendo evidências que justifiquem a preferência por cobre especificamente.

Alimentos cítricos: o cuidado necessário para evitar erosão
O consumo constante e excessivo de alimentos cítricos pode causar erosão ácida nos dentes. A acidez desses alimentos desgasta o esmalte dentário ao longo do tempo, especialmente se combinada com uma escovação inadequada ou a falta de neutralização com água ou alimentos alcalinos.

Enxaguantes bucais: diversidade na composição e uso
Além da clorexidina, enxaguantes à base de cetilpiridínio e flúor, entre outros componentes, têm evidências de eficácia no controle do biofilme e na manutenção da saúde bucal.
A frequência de uso desses produtos deve ser controlada de acordo com o tipo de enxaguante, e adequado ao perfil de cada paciente, considerando fatores como condição periodontal e presença de inflamações.

Escovação eficaz
As técnicas de escovação recomendadas atualmente são a Técnica de Bass e a Técnica Modificada de Bass, tendo em vista a eficácia na remoção do biofilme sub e supragengival e no controle da gengivite em comparação a outras técnicas tradicionais. É importante lembrar sempre que a escovação deve ser complementada com a higienização do espaço interdental, utilizando, para isso, o fio dental ou escovas interdentais.

A prática odontológica baseada em evidência científica é importante para garantir a saúde bucal de milhões de brasileiros, e cabe as entidades da classe, cada profissional da área e aos veículos de comunicação o fomento de boas práticas e o conhecimento sobre temas como o flúor, a cárie e os cuidados bucais. Neste sentido, o Sistema Conselhos reafirma seu compromisso com a promoção de informações precisas e de qualidade sobre a saúde bucal, desmistificando equívocos, combatendo a desinformação e trabalhando pela valorização da Odontologia.

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