Após queda nos meses mais graves da pandemia, retomada por busca de procedimentos estéticos cresce, segundo cirurgião-dentista
No Brasil, a busca pelo melhor “sorriso” é grande. Segundo a Associação Brasileira da Indústria Médica, Odontológica e Hospitalar (ABIMO), são cerca de 12 milhões de brasileiros que frequentam o cirurgião-dentista em busca da maior qualidade de vida, além da autoestima.
Na avaliação odontológica, Gustavo Greco, que é mestre em Clínica Odontológica e doutor em Odontologia, existe uma crescente na procura por procedimentos estéticos deste tipo, especialmente nos grandes centros. “Tivemos uma queda durante os meses mais graves da pandemia e estamos vivendo agora uma retomada neste número”, avalia.
Sobre os tipos de busca, ele diz ser comum pacientes com necessidades de tratamentos de complicações, doenças, fraturas, enfim, urgências de modo geral. Contudo, após a solução da primeira demanda, a procura segue para o caminho estético. “A busca por um sorriso mais belo, mais claro, mais jovem, é uma característica de grande parcela de nossa população”, destaca.
Segundo ele, os procedimentos estéticos mais procurados nos últimos anos são: restaurações diretas em resina composta, clareamento dental, laminados cerâmicos, alinhadores ortodônticos e os tratamentos de harmonização orofacial. “Em grupos mais específicos, implantodontia e próteses sobre implante, além das cirurgias plásticas periodontais completam esta lista.”
Expectativa Gustavo, que também é coordenador do curso de especialização em Implantodontia e Prótese da Associação Brasileira de Odontologia de Minas Gerais (ABO-MG) e autor de livros, aponta que a possibilidade de tratamentos menos invasivos, além de preços mais atraentes, tem facilitado o acesso de novos pacientes. Segundo ele, a visita a uma clínica odontológica deixou de ser
apenas por urgências e emergências, mas um hábito de manutenção da saúde, função e estética.
“Os avanços tecnológicos nas áreas que envolvem a odontologia estética são muito intensos. Particularmente, sou um entusiasta deste tema e trabalho com toda a tecnologia disponível. Tento me posicionar o mais atualizado possível, mantendo sempre o foco na ciência e nas práticas clínicas”, argumenta.
Para ele, o diferencial do profissional sempre foi e sempre será a ciência, a prática clínica e a educação continuada. “Quando aliamos estes pilares à tecnologia disponível, aí sim temos uma oportunidade de ouro mas mãos.”
Urgências por estresse
Apesar do brasileiro já buscar o cirurgião-dentista muito além das urgências, elas ainda ocorrem. Inclusive, um novo tipo desta modalidade surgiu com a pandemia da Covid-19: as urgências geradas por estresse, que também podem comprometer a função e, em alguns casos, a estética.
O doutor em Odontologia diz já estar comprovado um alto índice de fraturas e comprometimentos por apertamento, bruxismo e outros fatores relacionados aos tempos difíceis, que perderam desde o começo de 2020.
“Mas é consenso mundial que o Brasil tem excelentes profissionais na Odontologia. Tanto cirurgiões-dentistas, quanto técnicos em próteses dentárias, pesquisadores, bem como os produtos das empresas de odontologia brasileiras etc.”, ameniza o clima. “Temos também um histórico de habilidade manual, que é trabalhado nas faculdades e cursos de pós-graduação que contribuem muito também”, arremata.
Parcela significativa de fora Apesar da qualidade dos profissionais e ser um dos países com mais cirurgiões-dentistas no mundo, o Brasil tem um número significativo de pessoas que não
vão a este serviço. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2020, 11% da população nunca foi ao cirurgião-dentista. Destes, cerca de 2,5 milhões são adolescentes.
Sobre isso, Gustavo Greco observa que, apesar dos custos terem diminuído, isto ainda é um problema econômico e social. “Infelizmente, as questões financeiras e de saúde pública limitam o acesso para muitos brasileiros.”
Ainda conforme a pesquisa, apenas 15% dos brasileiros cuidam da saúde bucal de forma regular. Destaca-se, o Brasil tem um cirurgião-dentista a cada 500 habitantes, a depender da região. A taxa recomendada pela Organização das Nações Unidas (ONU) é um para cada 1.500.